18/11/11

História Banal

No início não acreditei. Aos meus olhos parecia-me uma história banal, um sorriso tímido e uma hortênsia meio caída. Comecei a ouvir os passos de um cavalo, altivos, de queixo levantado, a querer ganhar velocidade. Que confusão, já vi esta história. De súbito ganhava as proporções de um western, as pistolas a sair do cinto de pele, o barulho das balas a encaixar no revólver. Mas engana-se quem pensar que houve disparos. Soltaram-se bandeiras brancas de rendição, de vontade, de desejo efervescente. Ele respeitava e ela não queria que ele o fizesse, mas não deixava que fosse de outra forma. (Aqui entre nós...as mulheres perdem-se).


A distância: meio milímetro. A vontade: toda a noite. E lá se esconderam no quarto, com vinho no sangue e desejo nos lábios, que nunca se chegaram a tocar.


Ninguém sai fora. Ninguém desiste. Mas a distância não muda e o cansaço acaba por chegar. A garganta secou e o silêncio não forma palavras. Até que, de olhos nos olhos, a mentira foi proferida. Numa história banal o mais fácil é o melhor. Decide-se aquilo que evita granizos pela madrugada e lábios gretados pela manhã. No final não acreditei. Mais uma história banal se assim é teu desejo.



Miguel Branco

1 comentário:

  1. Cá entre nós e sob o risco de me repetir, talvez um dos teus melhores. "numa história banal o mais fácil é o melhor" acontece tantas e tantas vezes e em tantas histórias.

    continua amigo, gosto sempre. muito :)
    beijinho, rita

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