12/10/10

Carta aberta

Para ti e por ti, uma carta aberta. Sem dúvidas que se tornam aves, nem recuos que soem a despedidas emocionais por uma eterna janela de comboio. Não quero clichés que já cheiram mal, de tão velhos e gastos que estão. Precisamos de encher a nossa caixa secreta, e eis que cumprimos a tradição: uma carta no dia em que beijas a maioridade. Podia tornar esta carta numa coisa chata, em que apelava pelas tuas responsabilidades (como se fosse preciso), em que incorporava uma personagem de cinquenta anos e falava dos voos e das quedas com que a vida nos congratula.

Mas isso não seria eu. Eu gosto de te florear e de te mimar com palavras perfumadas. As vezes sinto-me ridículo, como se te tivesse conhecido ontem e tudo isto fosse um flirt a tomar proporções gigantescas e assustadoras. E mais, como se a nossa história fosse como a comum das mortais, em que dois olhares se cruzem, se aproximam e quase se tocam, para depois se afastarem e voltarem mais tarde a unir-se de facto. Ou pior, como se nos tivéssemos beijado pela primeira vez numa sala de cinema (não é que eu não tenha tentado). Acho que ninguém teve um primeiro beijo num sítio tão cómico como nós (desculpem caros seguidores de comtexto depois conto-vos, um dia mais tarde).

Com dezoito ou com quarenta e cinco, serás sempre tu. E eu serei sempre eu, e estarei sempre no mesmo local, se houver forças para isso: ao teu lado. Parabéns pequenina.

Teu, hoje e sempre,

Miguel Branco

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