06/09/10

Já posso ir dormir?

São 3.30 da manhã, a minha mãe vai-me bater.

Mas hoje o meu blogue não me deixou ir dormir. Chegou a ameaçar-me de que nunca mais colocaria acentos e as pessoas iriam rir-se de mim. E aquelas que se preocupam corrigiriam primeiro, só depois disfarçariam, elogiando o “magnífico” texto. “A sério Branco está fantástico, só reparei no erro porque gosto de ler muitas vezes”. Estava tão irritado que era capaz de ir aos meus registos de MSN buscar uma conversa de 2008, para me atirar com uma frase destas à cara. Desculpa mãe por estar acordado. Desculpa blogue por estar de férias.

Eu bem sei, eu bem sei que a escrita não tira férias e que há internet em cafés e em tascas com cheiro a linguiça.

Mas eu tiro férias. E tu já me conheces, eu não tiro férias da faculdade ou do andebol, sem antes tirar férias de mim. Tirar férias de mim, é tirar-me a escrita. Já sei o que vais dizer…mas as coisas não são bem assim. Eu já não escrevo tanto, mas durante as aulas sempre vou escrevendo. Durante esse tempo não estou a 10 km/h (ainda que as vezes possa parecer), vivo num fervilhar de acontecimentos e batimentos. E quando reparo não consigo ser eu. Não tenho tempo? Mentira. Não tenho paciência? Talvez, mas não é desculpa. Não consigo, ponto final.

É algo que me intriga há algum tempo. Isso e não saber ao certo quando sou eu, se nas férias, se durante o ano lectivo. Mas estou convencido que sou eu nas férias. Quando tenho tempo para ter calma, quando desapareço para a maior parte, quando não tenho que ir ao portátil ver o e-mail, quando não tenho que ler por obrigação. Não sabe tão bem? E vais dizer que a ti não te sabe bem, não ouvires o meu jornal da tvi todas as semanas?

Mas está descansado, o stress vai começar a surgir, daqui a um mês já estou a engolir em seco, já consumo tudo o que me acontece, em tão pouco tempo, nas viagens de comboio, metro e autocarro. Aí podes sorrir, sabes que me tens de volta. E podes aconchegar-me com a tua frase preferida “Desculpa Miguel, mas até gosto quando te sentes em baixo.”

Miguel Branco

3 comentários:

  1. Lá no fundo sei que te vais esforçar por não o fazer sentir tanto a tua falta. De ti, da tua genuinidade, das tuas palavras, sempre tão cheias de tudo. adorei ;)

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  2. já sou tua amiga :) o resto já sabes.

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  3. Eu até acho que somos mais nós próprios no stress, nas adversidades e na correria do dia-a-dia. Além de que, por mais parvo que possa parecer, é mais fácil escrever quando não temos tempo para nada do que quando temos tempo para tudo.

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