17/02/10


Agora que já passou a euforia inicial da criação do blog, onde escrevo todos os dias com inúmeras ideias e motivações, procuro temas para deixar uma nova mensagem. Obrigando-me a escrever, para dar asas à minha escrita, para me libertar do que vou escrevendo na minha mente, sem que o ponha em papel.

Imagino se houvesse um aparelho que reproduzisse tudo o que penso, raciocínios que construo, metamorfoses pensativas nuas de preconceitos, onde tudo é dito e pensado e sentido, sem que o senso comum me cortasse o politicamente correcto. Quando penso, posso pensar, não me justifico a ninguém (sem ser a mim próprio), não oiço vozes humanas a chamarem-me à razão, a matarem-me a liberdade. Se é isso que faz de mim o ser creativo e bem disposto que sou - visto que muitas vezes exponho aquilo que penso e não posso dizer - é também um dos meus maiores problemas. Vai-me consumindo, desconcentrando, vai fazendo do meu corpo pensamento, alastrando da cabeça para o resto do corpo. Torno-me pensamento em forma humana, não que isso faça de mim um ser de elevada intelectualidade, mas sim uma folha cujas linhas são preenchidas com letra de médico, sem que a grande maioria das pessoas leia o que estou a sentir. Só conseguem ler que estou efectivamente a pensar, não aquele pensar comum de todo o ser humano, mas o pensar profundo, de retirar ilações e possíveis conclusões ou premissas. Possíveis, quando são possíveis.

Quem me dera, por vezes, poder não pensar. Para não ter vontade de explodir e comigo arderem todas as folhas arquivadas do meu registo de pensamentos.


Miguel Branco

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