23/01/11

Orgulho

Já não sinto o cheiro do teu cabelo. Em cada lance de escadas, em cada curva mais apertada. De nada, não de gente. O nada também ocupa espaço. Também sabe de onde vem, para onde vais, que sentido tem esse olhar. E tu não o ouves. Não o vês. Só a ti te vês, em lagos gelados do Alasca, onde te sentes em casa. No gelo. No frio que hoje queima os lábios e amanhã queima as artérias. Não gostas do nosso frio, tão cheio de maresia, tão português (mesmo quando surge do local mais remoto do planeta). É nosso porque se aconchega aqui por uns tempos. Quem serás tu para o menosprezares? Chega. Pára de aumentar as importações de sentimentos. Exporta. Confronta o nada quando ele te acende os olhos com um fósforo inflamável. Resiste. Convida o silêncio, ele também gosta de ser escutado. Não sejas normal. Não queiras ser mais um. Não tenhas medo, ser sensível não é defeito. É orgulho. Olha em frente.

Miguel Branco

(PS: votem bem minha gente)

3 comentários:

  1. ser sensível não é defeito, não mesmo. espero que te lembres sempre disso, para que a tua sensibilidade não se perca. eu gosto muito dela, ouviste? :)

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  2. "Oh Branco andei a ler o teu blogue e afinal és mt sensível!!"
    Adoro ouvir isto das pessoas.
    Mas o que eu gosto mesmo é qd meio qe em segredo ou a medo me mostras mais uma criação tua.
    Lembro-me qe no início tinha que as ler umas 3 vezes pra perceber. Mas com o hábito e com o conhecer-te já te entendo à primeira.

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