27/04/10

Mundo moderno

Que saudades queridos leitores. Minhas, claro. Mas admito que, no meio desses milhares de seguidores e fãs que preenchem ao máximo a caixa dos comentários de cada post, um ou outro sentiu necessidade de ler algo. É possível que isso seja verdade. Mas o que é verdade, caríssimos leitores é que eu tinha saudades. Não só deste espaço onde me vou desmontando em pedaços, mas acima de tudo, tinha saudades de ter tempo para me sentar, e escrever. Seja lá o que isso significa, seja um poema bem estruturado, seja um texto do acaso onde inventei sentimentos nunca transcritos.

Como comentava com duas amigas minhas há uns dias, sinto mesmo que vou perdendo a criatividade, o talento de brincar com as palavras, assim como se perde o tacto na ponta dos dedos, quando estes contêm pó. Vejo-me a ser engolido por tudo o que me rodeia, pelas buzinas dos carros, pelo “take care of your belongings” no metro de Lisboa, por tudo o que me faz lembrar que a minha vida é uma rotina entediante e caótica. Enquanto sou sugado por um vulcão citadino, que transpira modernidade e tecnologia, vou convivendo com o realismo e dizendo adeus ao subjectivismo. A informação consome qualquer recanto exótico e abstracto que possuo no meu cérebro, e assim vou respirando e sobrevivendo, entre suspiros e soluços. Sobram-me pequenos momentos de observação e de escuta, onde se aprende muita coisa para além da simples conserva entre idosas, sobre os vícios dos jovens e o estado do tempo.
Resta-me ser capaz de me adaptar a este mundo moderno: ser pró-activo. Na política: marcar um caminho, seguir um rumo com que me identifico. Nos estudos: não permanecer à margem, ser interessado na minha área. Na escrita: tentar não ficar preso a tudo o que é concreto. E é preciso ainda esperar que a vida marque o seu passo, a sua cadência, o seu bater cardíaco. Entretanto mantenho-me vivendo entre mundos que eu próprio designo e que eu mesmo desafio.

[Atenção caros leitores, isto não é uma desculpa para não postar decentemente, com mais regularidade. Eu é que ando mesmo sem inspiração nenhuma para a escrita, mas esperam-se melhores momentos, nem que sejas crónicas de humor ou críticas à sociedade]

Miguel Branco

2 comentários:

  1. Oh puto...não fossem as pequenas (grandes) coisas da vida, não sei o que seria de nós. Eu encontrei a minha pequena (grande) coisa um dia destes, hás-de encontrar a tua também, mano!

    Até lá mete muita estupidez ao barulho e continua subjectivo e pragmático no mundo da escrita. "Tá-se bem" assim...o texto que o diga!

    Abraço, xaval!

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  2. ai miguel branco, que tens um escritor dentro de ti e não dizias nada... :D *

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