10/11/12

Folgas

Parece que tenho medo. Viste? Ainda agora tremi outra vez. Assombram-me as palavras que se amontoam no meu sotão, teses de literatura breve e demasiado supérfula. Tenho medo de voltar a não conseguir terminar este. De me dizer que já não sei. O tim-ba-la-lão das músicas deprimidas que têm a mania que mandam em mim, pobres coitadas. Mas também não sou eu. É antes o dia da tua folga. A tua insistente ideia de me tapares com três mantas, quando sabes que sofro de calor, mesmo nos dias de cacimba. É o meu acordar-te que tanto te irrita, mas que te sabe invariavelmente bem. São os jantares grátis em lugares que não nos pertencem. É a tua estranha ingenuidade, que só comigo não tens. Assim como o teu feitio respondão, sempre pronto a disparar verdades desagradáveis à cara dos mais próximos. Mais que isso, é a forma como falas de nós um ano e meio depois. Com a certeza de que o futuro já não é um tema tabu. Mas também não é preciso idealizar uma casa a nosso gosto e o quarto para os nossos filhos. Lá nisso amor, estamos de acordo.

Miguel Branco

2 comentários:

  1. Amigo, lembrei-me hoje de ti e aqui vim eu ler-te! Espero que estejas bem. A escrita vai bem... mais... melhor! Um grande beijo*

    ResponderEliminar
  2. Ainda bem que o futuro não é um tema tabu...mas acho bem lidar com o futuro com cautela...assim com pantufas, para não pisar sem retorno, o chão construído. O que não quer dizer ausência de sonho e projeto...

    ResponderEliminar