16/04/11

Bosque

A luz era ténue. Um sopro e adeus. A cera que caía desenhava a linha que te separa de ti. A luz era frágil. Dançando aos empurrões do fogo do vento. Das respirações, em que adivinhava os teus pensamentos. Não havia televisão. Ouviram-se as cigarras ao longe e os grilos ao perto. Ao virar da última árvore do bosque. Última ao teu alcance. Existe tanta coisa lá fora. E o medo. Tanto, em flocos suspensos. Nunca te vi. Não sei que reflexo reproduzem os teus olhos quando focam a chama, em segredo. Espreito pela janela a tua eterna casa de madeira. Porque te escondes? Que delírios mentais contas à luz que te ilumina a alma…sem cor, sem ti, sem coragem de sorrir. A tua poltrona vive asfixiada, sem saber como te pedir oxigénio. Não saíste. Nem vais sair. Não tens medo do bosque. Tens medo de ti.



Miguel Branco

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