22/05/11

22 de Maio

Hoje é um dia bonito. Unem-se as festas, unem-se os antigos e os recentes, unem-se os amores. E como nós gostamos destes convívios, quase conferências de casino onde se discutem ideias, onde se ri da desgraça e onde, acima de tudo, se deixa o tempo passar, sem lhe dar confiança.


Foi aqui que cresci, num berço banhado a cultura, respeito mútuo e sensibilidade. E eis que aqui estou, e eis que aqui estamos mais um ano para saborear a amizade na companhia de uma fatia de pão com queijo da serra e presunto. As pessoas são as mesmas, mais ou menos rugas, 5 kg a mais, 5 kg a menos, ninguém muda.


Hoje é mais um dia bonito, em que te escrevo devaneios de um jovem ausente. As cartas sucedem-se, fica o gesto no coração, as palavras no ouvido e o desejo de tréguas numa lágrima de afecto. Que orgulho tenho daquilo que me tornou mais homem, quando devia ser mais miúdo, daquilo que me fez parar na cama e viajar entre pensamentos, em vez de ligar a televisão à espera do sinal do sono.


Hoje é um dia bonito, que ninguém duvide. E hoje, queria-te dizer, que ainda aqui estou de sorriso na boca e olhos no ecrã, que ainda preciso de escrever, que ainda tremo quando te sinto mal, que ainda sou eu, o miúdo que admiravas e de quem te orgulhavas. Quero acreditar que nos vamos entender, que um dia vais virar a página para leres o que está escrito nas costas, que um dia vais assimilar com relativa facilidade a emergência de um menino que já deixou de o ser. Sei que um dia o orgulho vai voltar, como um pena branca que poisa numa secretária do início do século e se deixa ficar até alguém notar.




Hoje é o teu dia Mãe, e como ele é bonito ao final da tarde.



Parabéns Mãe,


Do teu eterno filho Miguel.



22/05/2011


Miguel Branco